A paralisia do sono, uma experiência onde a pessoa se sente presa dentro do próprio corpo ao acordar, afeta cerca de 30% da população mundial em algum momento da vida. Baland Jalal, hoje pesquisador em Harvard, teve seu primeiro episódio aos 19 anos, descrevendo-o como um filme de terror.
Jalal relata que durante o episódio, sentiu uma presença maligna e a certeza de que ia morrer, mesmo estando acordado. Essa experiência o motivou a estudar o fenômeno, suas causas e impactos.
"Ele me estrangulava, tentando me matar. E eu tinha 100% de certeza de que ia morrer." relembra Jalal, sobre o dia em que teve o primeiro episódio.
A condição ocorre nas transições entre o sono REM e a vigília, quando o cérebro desperta antes que o corpo se liberte da paralisia natural do sono. Matthew P. Walker, da Universidade da Califórnia, explica que, nesses momentos, a consciência retorna antes que os músculos recuperem a mobilidade.
"Durante a paralisia do sono, no entanto, "recuperamos a consciência antes que os músculos se libertem da paralisia induzida pelo REM"" detalha Walker.
Os episódios podem durar de segundos a 20 minutos e, em cerca de 40% dos casos, envolvem alucinações visuais, auditivas ou táteis, muitas vezes aterrorizantes. As interpretações dessas visões variam culturalmente; no Egito e na Itália, são atribuídas a bruxas ou gênios malignos, enquanto em outros lugares as explicações são menos sobrenaturais.
Episódios recorrentes de sono podem gerar ansiedade e medo de dormir, além de estarem associados a distúrbios como narcolepsia, apneia obstrutiva, TEPT, transtorno bipolar, transtorno do pânico e privação de sono. Fatores como estresse elevado, jet lag e uso de substâncias também aumentam o risco.
Embora não haja uma terapia padrão para interromper um episódio, boas práticas de sono, como horários regulares e controle do estresse, são importantes para a prevenção. Em casos graves, medicamentos como antidepressivos podem ser utilizados.
Inspirado por suas experiências, Jalal desenvolveu a "terapia de relaxamento meditativo", que inclui reavaliar cognitivamente o significado do ataque, distanciar-se emocionalmente, focar em algo positivo e relaxar os músculos. Jalal recomenda aprender sobre a biologia do fenômeno para lidar melhor com o medo, transformando o pesadelo em algo menos assustador.
*Reportagem produzida com auxílio de IA